sábado, 31 de outubro de 2015

Permanências





Resto-me nos pedaços de mim, enquanto
a secura das verdes árvores as perece, ante
tanta eminente falta de cuidados.

Sinto-me cansado de mim, e dos outros, que
já nem congemino caminhos, nem atalhos ou
destinos que produzam surpresas.

Na neblina me quedo em silêncio,
agachado de todos os métodos, perante
o paciente fluir das horas.

No tempo de memorizar todos os tempos, passam
por mim as sequelas das quezílias, dos confrontos,
dos embates, dos prélios, das disputas, como simples
manteiga derretendo, arduamente, na frigideira eloquente
da vida.

Anseio, intimamente, pelo palco da esperança, novidade
que não acontece. E o sombrio respirar dos rios me informa,
desafiante: das mesas sem pão, dos campos sem colheitas e
das ervas daninhas que atropelam todos os sentidos.

Recomeço o adormecer.
Começa um novo sonho.

 
António MR Martins

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