FONTE NOVA
de azul e púrpura se esboça
o cântico dos cântaros
sôfregos
por um fio de prata nascendo
de seu ventre mineral
de azul e púrpura de agapanto
se matiza
o riso das crianças em redor
como gotas de água saltando
de regresso ao regaço
de todos os começos
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FONTE DA MADALENA
verão teus olhos madalena
que não outros
o que ninguém jamais verá
como o conchelo
vertical à semente do poema
que conjuga um verbo de água
a ti pleno surgirá
o verbo iluminado
do sol que nasce após morrer
…………
FONTE DAS TORRES DO MONDEGO
Esventra-se a terra
na indagação da jóia. Onde germina,
é a voz da seara subterrânea,
manancial secreto de sonhos,
que nos aclama as mãos, o gesto,
o súbito rodar até à luz.
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Xavier Zarco
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Xavier Zarco o poeta, uma referência para mim, tanto pelo que escreve, como pelo que opina. “Coimbra ao som da água” é um hino à poesia e uma homenagem às fontes da cidade de Coimbra e ao encanto da água que nelas corre. Uma obra repleta de ímpar beleza. A essência das fontes da histórica cidade de Coimbra, mesmo para quem mira a Universidade, do lado de Santa Clara, é o coexistir com tudo o que o livro nos faz sonhar, deambular, por vezes, levitar. Depois há o Divino nas metáforas utilizadas que elevam a obra do poeta Xavier Zarco para um patamar único, onde só chegam, ou podem chegar, os predestinados.
É um dos mais belos livros de poesia que já li. Nele sinto as minhas raízes, mas também a possibilidade de escutar aquela melodia, quase celestial, nos naturais percursos da água, na cidade do Mondego.
Obviamente recomendo a leitura de “Coimbra ao som da água”, editada sob a chancela da Temas Originais, por múltiplas vezes.
António MR Martins
1 comentário:
Camarada,
Obrigado por esta inserção. Quanto ao comentário, bom!, é sempre bom saber que se é lido e que de alguma forma o que se escreve se transforma em algo relevante para quem lê.
Um abraço
Xavier Zarco
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