quarta-feira, 21 de abril de 2010

Três poemas do livro "Varandas de Luar", de Dalila Moura Baião



AURORA BOREAL

Nascem madrugadas apressadas,
entrelaçadas de sonho e Vida;
irrompem ternuras orvalhadas,
na inquieta irreverência da palavra,
que em castelos de luar,
flutua… perdida!

…………

NAMORO DO SOL

Hoje fui à janela de cristal
Espreitei e vi o Sol dependurado
Surpresa, quis tocar-lhe de mansinho
Então, vi-o partir p’ra outro lado!

Saltava como criança feliz
Na mão levava um raio enfeitiçado
Deixou preso um recado no vento
“Cautela, porque estou enamorado”…

Fechei a janela muito a medo
Esperei no soalho envidraçado
Dancei a melodia do Segredo
E fiz dessa ilusão um aliado!

Foi quando o meu olhar se iluminou
E o Sol transpareceu sua Verdade
Juntinhos improvisaram um sonho
Eu vi o Sol beijar a Liberdade!...

…………

VARANDAS DE LUAR

Que ternura é essa
que irrompe desse olhar
cansada e secreta
presa na memória
duma flor colhida
em varanda de luar?
Colho do teu corpo a melodia
e danço contigo, ao som do desejo
embriagado
dum Verão por acontecer…
Fascina-me esse silêncio
atarefado em se ocultar.
Rasgas da boca o sorriso,
como gaivota apressada
e surge o beijo.
Tal qual um bater de asas
livre e doirado, cheirando a mar.
Rasgo da memória, a flor.
Será que doem as imagens
com fragmentos de luar?
Que envelheça a dúvida,
aí!
Onde a ternura é jovem
na doçura do olhar.

…………

Dalila Moura Baião

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Tenho para com o livro “Varandas de Luar”, de Dalila Moura Baião, um carinho muito especial. É que esta obra, constituída em livro-papel pela editora Temas Originais, teve a particularidade de ser apresentada por mim, no seu lançamento, em pleno dia de meu aniversário, 27 de Novembro de 2009. No entanto o carinho que refiro não é só por esse acaso, no início da sua existência, é, também, porque não estava prevista essa apresentação ser feita por mim (eu não conhecia a autora, sequer), como veio a acontecer e porque se determinou uma verdadeira empatia com esta belíssima obra. Subir a estas varandas, donde se avista uma paisagem de transcendente beleza, foi um prazer enorme. A poesia da Dalila embeleza o semblante do leitor, derivado desse revelado pressuposto, sucessivamente, na abordagem de temas tão belos e naturais, como a própria natureza e/ou o amor que tonifica o seu seio familiar.
Esse prazer não termina após a leitura dos seus poemas, aliás quantifica-se na memória do que nos fica depois dessa leitura. E ter a oportunidade de repetir a subida a estas majestosas varandas, conforme irá acontecer no próximo sábado dia 24, na terra natal da autora, em Santo Estêvão – Benavente, mais vem fortalecer esse sentir.
É óbvio que tudo isto se traduz, igualmente, no conhecimento que hoje tenho da autora, pelos encontros tidos em vários eventos e, pelo regular intercâmbio das nossas mútuas palavras. Nossa amizade vai-se fundamentando e cimentado.
Quanto ao livro “Varandas de Luar” recomendo-o à leitura, pelos belos poemas que contém, mas também, como é evidente, pela sua grande qualidade. Aqui as palavras vão surgindo repletas de belos significados.

António MR Martins


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