segunda-feira, 22 de novembro de 2010

AS FONTES

Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.

Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.

Irei beber luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.

Sophia de Mello Breyner Andresen

in livro Obra Poética, Poesia, edição definitiva, da editora Caminho (página 54)

2 comentários:

Tentativas Poemáticas disse...

Deixo-lhe um forte abraço de PARABÉNS.
António

António MR Martins disse...

Muito obrigado. Abraço retribuido.