A nossa alma fala devagar
E a palavra é tão precipitada!...
Fala-se e a dor ainda vem no ar;
Por isso é que a palavra não diz nada.
Fora a dor ninguém se pode dar,
Só por ela a palavra é orquestrada;
Forma, ideia, emoção, tudo anda a par
Nela e só dela sai eternizada.
Mas que fazemos nós? Por nós apenas
Damos tudo o que abrange o nosso olhar,
Nada visto através das nossas penas...
E é preciso que a dor, por mais singela,
Em nós viva e progrida até falar,
Ela e não nós, porque o poeta é ela!
Fausto Guedes Teixeira (1871-1940)
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