domingo, 23 de outubro de 2011

Arte do pensamento - Poema premiado com uma Menção Honrosa no I Concurso de Poesia da Associação Cultural DRACA (Palmela) - 2011



Bramem sentidos figurados
entre a gesta de um pintor,
que pincelando alarmados
lhes restabelece fulgor.

Moldam trâmites contornos
imbuídos de coisa bela,
na argila e seus adornos
e no barro da janela.

As paisagens deslumbrantes
incendeiam inspirações,
nas retinas dos amantes
e na tela das seduções.

Tanta pedra trabalhada
com robustez e carinho,
na criação suportada
entre um trago de vinho.

Desenhado nos contextos
da mente imaginativa;
se concebem os pretextos
que fazem fluir à deriva.

Num disparo condizente
se regista um pólo raro,
deixando tudo pendente
de um próximo disparo.

Um sorriso se regista
em tanto enquadramento;
a alegria salta à vista
na conclusão do elemento.

Esculpem obras tamanhas
entre vários artefactos,
no imaginar emprenhas
o condensar desses factos.

Esmeram imensas virtudes
em dons de tantas vertentes,
ofícios de plenitudes
que às artes são referentes.

Anseiam novos objectos
em eufóricos debates,
que transformam os dejectos
em sublime elo das artes.

Outros fazem pela escrita
a arte de muito criar,
alterando a desdita
à doçura de cada olhar.

Numa festa sem limites
se empolga toda a Arte,
omitindo os arrebites
e inspirando-se em Marte.

A cultura é benfazeja
na evolução humana;
a Arte, bem vinda seja
com o que dela emana.

A melodia mais sonora
ou uma peça de teatro,
entre cinema enamora
a ópera de cada retrato.

Num poema se transcreve
o sentir e tanta magia,
que pelo que se escreve
se acerca a ventania.

Na tela de cada vida
se regista tanto quadro,
entre a escultura saída
e colocada num adro.

Há quem pinte sua sorte
ou um nu inquietante;
mas até no tema morte
a pintura é deslumbrante.

A Arte e seus valores
tanto têm de se preservar;
assim como os amores
para sempre se devem amar.

E nesta tristeza da crise
a Arte tem a alegria
e entre qualquer reprise
nos quebra a monotonia.


António MR Martins

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