sábado, 29 de outubro de 2011

O interrogatório de Rosa Luxemburgo



O interrogatório
de Rosa Luxemburgo
durou apenas algumas horas. Ela sabia
tão bem como os seus carcereiros
que palavras ali já não existiam. Caída
na batalha
contra o nervo vital do Estado; banhada
em sangue
e quase sem sentidos,
Rosa,
frágil camarada,
pediu aos caçadores seus assassinos
agulha e linha. E, silenciosamente,
com uma pistola apontada à têmpora,
coseu a bainha da saia que se encontrava
descosida. Pouco depois
o cadáver
foi lançado à água.


Casimiro de Brito

1 comentário:

Unknown disse...

Um belo poema de um grande poeta!

Beijinhos