quarta-feira, 17 de abril de 2013

Meu Abril esquecido

 
Imagem da net, em: www.hocoka.blogspot.com
 
 

Ai Abril, Abril,
Abraço de ouro
Entre cravos vermelhos
A voz de um povo
Livre dos trapos velhos
Porta de novo, aberta
Alheia a tanta vaia
Uma nova descoberta
Pelo olhar de Salgueiro Maia

Ai Abril, Abril,
Esperança rendida
Num apelo à felicidade
Onde tanta, tanta vida
Custeou a liberdade
Eis um canto bem novo
Pleno de magia
Num caminhar do povo
Rumo à democracia

Ai Abril, Abril,
Tua madrinha a terra morena
Perante os soldados teus
O povo te acena
Antes e depois do adeus
Os sonhos se apetrecham
De sentidos e coerência
E as gentes tanto desejam
Depois da rude penitência

Ai Abril, Abril,
Se esfuma o caminhar
A cada dia que passa
Só te querem festejar
Como se fosses a farsa
Se engordam outros palcos
E rasteiros se alteiam
Depois de inúmeros percalços
Muito, ou mais, nos saqueiam

Ai Abril, Abril,
Razão da minha mágoa
Sentido da minha saudade
Como uma fonte sem água
E um país de inverdade
Mudem-se tantas sujeições
Que fragilizam um povo
Deixemo-nos de sermões
E renovemos Abril de novo

 
António MR Martins

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