Esta
publicação, referente ao tópico “Poemas de Amigos”, estava prevista lá mais
para a frente mas, em consequência do trágico final de vida da respectiva
autora, decidi publicá-la hoje, no dia seguinte ao seu desaparecimento do mundo
dos vivos, da forma mais rude e totalmente imprevista. Paz à sua alma! Ficam as
suas palavras…
108 - Delmira Claro
Sou gente,
Sou ninguém.
Rio, choro,
Sinto, cheiro,
Estou dormente,
Sou demente,
De ninguém!
Vivo, derivo,
Fluo, entorpeço,
Vou, venho,
Acordo, adormeço…
Estou, não vou,
Sem ser, sem estar,
Por ouvir, por chorar,
Sem sentir o olhar!
Avanço, num grito,
Sem pressa me precipito,
No sonho,
No espírito,
No ser,
No éter,
No Infinito…
Delmira Claro
in livro “Palavras
(com e sem sentido)”, página 17, edições Temas Originais, Coimbra, 2011.
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