domingo, 21 de abril de 2013

SER


Esta publicação, referente ao tópico “Poemas de Amigos”, estava prevista lá mais para a frente mas, em consequência do trágico final de vida da respectiva autora, decidi publicá-la hoje, no dia seguinte ao seu desaparecimento do mundo dos vivos, da forma mais rude e totalmente imprevista. Paz à sua alma! Ficam as suas palavras…



108 - Delmira Claro






 

Sou gente,
Sou alguém,
Sou ninguém.
Rio, choro,
Sinto, cheiro,
Estou dormente,
Sou demente,
De ninguém!
Vivo, derivo,
Fluo, entorpeço,
Vou, venho,
Acordo, adormeço…
Estou, não vou,
Sem ser, sem estar,
Por ouvir, por chorar,
Sem sentir o olhar!
Avanço, num grito,
Sem pressa me precipito,
No sonho,
No espírito,
No ser,
No éter,
No Infinito…

Delmira Claro

in livro “Palavras (com e sem sentido)”, página 17, edições Temas Originais, Coimbra, 2011.
 
 

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