Kaiping (China), by Gonçalo Lobo Pinheiro
morrem-me
as entranhas pendentes
ante
o sonho desfeito em mágoaspasso curto
muito breve
por entre as insónias do sonho
onde não cintila a luz
e tudo se desvanece
os
contributos ilusórios
sustentam
o insustentávelnuma transformação rígida e crua
a cada gesto cruel
a cada aceno de raiva
a cada inconstância surreal
perante esta realidade amorfa
e desventurada
o
poeta já não versa
os
escritos irreaisas palavras nunca ditas
no silêncio
dos mais inaudíveis sons desconexos
que fazem parte do longínquo tempo
e da demagoga intenção
do devir
há
uma raiz do medo
que
alastra em todos corpos acomodadose nos gritos silenciosos
para lá de cada horizonte
e
tudo aqui acontece
numa
permissão sem limitesque já nada se espera
dum outro dia
de um qualquer amanhã
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