domingo, 23 de junho de 2013

Palavras Apaladadas – V Ricardo Boléo





vírus

as noites inundas de opiácea cólera
inundadas pelo suor que me dera
a liberdade de continuar cativo a ti
entre orgasmos e fantasmas que vi

os tumultos de dor nas madrugadas
chegam como mulheres ressacadas
de um veneno lilás que não provei
de um rubro quase azul que toquei

noites enluaradas pelo latir de um cão
um brilho parido quase fulgor, clarão
será quase dia antes que seja ladrão
e anoitecerá memória na imensidão

 
Ricardo Boléo

In livro “memórias de sal”, página 34, edições fonte da palavra, Fevereiro de 2013.

 
Sobre o livro:

Na poética do Ricardo Boléo, elaborada para a presente obra, emerge o sentido da irreverência contextualizado pela exposição de determinadas subjectividades que se evidenciam dos nossos quotidianos, como forma de crença, fé ou afincado seguimento. Numa elaboradíssima forma de escrever tudo é posto em questão, tudo nos fará pensar sobre o ser ou não ser existencial e verdadeiro, perante o emoldurar de diversos enredos alienatórios, catapultados para o cerne da sua escrita ora apresentada. Para um homem habituado, já, às lides teatrais, não só sob o prisma da presença em palco mas, também, sob a égide da própria escrita que esse ramo cultural encerra, se denota um desenvolvimento sequencial entre personagens da própria vida e de outras, tantas e tantas, sustentadas pela imaginação, invenção, das mentes dessas próprias existências humanas. É bom lê-lo e por isso vos trago aqui as suas palavras.

Aqui fica o endereço da sua página no facebook:
https://www.facebook.com/ricardo.boleo?fref=ts

 
António MR Martins

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