V
Está cheia de gritos e foi apunhalada vezes sem conta,
Meu olhar vive num espaço longínquo da noite.
Quero opor-me ao calor da vida
E tornar gélido o coração da Primavera.
Sou egoísta comigo mesma.
Cavo uma sepultura para o júbilo
Para que nunca o conheça,
Não quero marcar encontro com ele.
Sei que sou uma negação,
Um lamento de tudo,
Mas não espero nada, por isso, nunca suspiro,
Só me dissipo.
Acho que fiquei estéril.
Ajudas-me?
Acho que me perdi por aí, sem ti.
In livro “A Espiral do Amor”, página 11, edições Temas
Originais, Coimbra 2009.
O amor escrito em todas
palavras, ou quase todas, e em todos os sentidos. O eu e o tu vão
desenvolvendo poéticas, ora sofridas, ora majestosas, em cumplicidades
interiorizadas, a dois, pelos versos da autora. O erotismo e a sensualidade estão
muitas vezes presentes, não fossem eles elementos salientes do amor carne, amor
afecto, amor corpo e amor desejo. Para mais fazer significar estes propósitos
resta salientar as inebriantes palavras de Egéria: “Leio no teu corpo os sinais do desejo / E desfolho-te como um livro…
/ Molho a ponta do dedo na minha língua para não te ferir, / Abraço-te com os
meus olhos, / E vou sendo algo de leve em teu regaço. “
“A Espiral do Amor” é um livro onde o fascínio complementa,
regularmente, o percurso da sua escrita e sua leitura. Recomendo-o.
Endereço da autora no
facebook:
https://www.facebook.com/egeria.domonte?fref=ts
Sem comentários:
Enviar um comentário