domingo, 15 de março de 2015

Emanuel Lomelino





GASTÃO CRUZ

Diz-me em que escarpa ou falésia
está sepultado o pai da poesia
e se as pedras que o cobrem
são xisto leve ou basalto pesado.
Revela-me em que penhasco
posso ver a génese dos poemas
que o tempo iletrado corroeu
e a nossa memória não enxerga.
Conta-me os segredos da verve
ou inicia-me no uso do estro
antes que o equinócio negro
resolva cancelar-me os sentidos.

Emanuel Lomelino, in “ Poetas que sou”, página 54, edições Lua de Marfim, Janeiro de 2013.  

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