domingo, 8 de março de 2015

Lurdes Breda





PENSAMENTOS AZUIS

O cortinado de crepe ondulava, tocando de mansinho
no ramo de violetas, em vaso de cerâmica azul.
Pela janela, entravam borboletas cerúleas,
que pareciam pedaços de céu a palpitar.
No prado fresco, coberto de flores aniladas,
brincavam meninas brancas, com tranças loiras
e vestidos azuis. Davam-se as mãos pequenas,
numa roda perfeita, e acordavam o dia
com gargalhadas da cor do céu…
Apanhavam amores-perfeitos e alindavam as rendas
dos vestidos folhados. Comiam morangos e amoras silvestres,
tingindo de rubro as boquitas em forma de coração.
Ao longe, o mar turquesa embalava barcos solitários.
As ondas de césio beijavam, com ardor, a areia fina…
E faziam coro com as gaivotas estridentes.
O poeta molhou a pena na tinta azul,
coloriu os olhos de azul,
encheu o coração de azul
e, de azul, fez o poema!...

Lurdes Breda, in “Asas de vento e sal”, página 47, edições Mar da Palavra, Junho de 2005.    

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