[CONTEMPLO…]
Contemplo
o lago mudo
Que
uma brisa estremece.Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O
lago nada me diz,
Não
sinto a brisa mexê-lo.Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trémulos
vincos risonhos
Na
água adormecida.Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
Fernando Pessoa (1988-1935), in
“Poesias”, página 122, da Colecção Poesia, Obras Completas de Fernando Pessoa,
Edições Ática, Janeiro de 1997.
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