SONETO
Aos meus trinta e
três anos
(Aos meus trinta e
tres annos)
Como
os anos, p’ra mim, correm ligeiros !
Como
os dias se vão, sem que se contem !Julgo que trinta e dois anos fiz ontem,
E trinta e três já tenho, muito inteiros !
Foram
curtos os meses derradeiros,
Ou
vão, sem que as folhinhas os apontem ?- Eu não creio, ainda que me afrontem,
Que não ouve n’este ano dois fev’reiros ! –
Mas…
se o tempo, que foi, não foi perdido,
Se
o que outros não verão já tenho visto,Se tantos, inda moços, têm morrido,
Alegre
eu devo estar, porque inda existo ;
Pois
se Cristo assemelho em ter nascido,Se um ano inda viver, sou mais que Cristo.
Faustino Xavier de Novaes (1820-1869), in “POESIAS”, publicadas por António
Moutinho de Sousa, página 189, edições Livraria Internacional, de Ernesto
Chardron, Porto e Eugénio Chardron, Braga, 1879.
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