terça-feira, 24 de março de 2015

Faustino Xavier de Novaes





SONETO

Aos meus trinta e três anos
(Aos meus trinta e tres annos)

Como os anos, p’ra mim, correm ligeiros !
Como os dias se vão, sem que se contem !
Julgo que trinta e dois anos fiz ontem,
E trinta e três já tenho, muito inteiros !

Foram curtos os meses derradeiros,
Ou vão, sem que as folhinhas os apontem ?
- Eu não creio, ainda que me afrontem,
Que não ouve n’este ano dois fev’reiros ! –

Mas… se o tempo, que foi, não foi perdido,
Se o que outros não verão já tenho visto,
Se tantos, inda moços, têm morrido,

Alegre eu devo estar, porque inda existo ;
Pois se Cristo assemelho em ter nascido,
Se um ano inda viver, sou mais que Cristo.

Faustino Xavier de Novaes (1820-1869), in “POESIAS”, publicadas por António Moutinho de Sousa, página 189, edições Livraria Internacional, de Ernesto Chardron, Porto e Eugénio Chardron, Braga, 1879.

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