sexta-feira, 6 de março de 2015

João Valente





LONGE DE TI

Longe de ti, em triste solidão,
Eu vejo deslizar, devagarinho,
Os dias longos, e o meu coração
Recorda-se de ti, o pobrezinho.

Meus olhos querem ver-te, mas em vão;
Minha alma imagina-te aqui perto;
Depois, meu Deus, que grande decepção,
Porque em redor de ti tudo é deserto.

E assim nesta amargura vou vivendo,
Longe de ti, amor, eu vou sofrendo
Esta vida tão cheia de agonias;

Quem me dera ser como o pensamento,
Correr tão de repente como o vento,
P’ra estar ao pé de ti todos os dias.

João Valente (1924-1985), in “Isto, Aquilo e o Resto”, página 19, edição da Câmara Municipal de Ansião, 1987.

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