Em vão
Passo
triste na vida e triste sou,
Um
pobre a quem jamais quiseram bem!Um caminhante exausto que passou,
Que não diz onde vai nem donde vem.
Ah!
Sem piedade, a rir, tanto desdém
A
flor da minha boca desdenhou!Solitário convento onde ninguém
A silenciosa cela procurou!
E
eu quero bem a tudo, a toda a gente...
Ando
a amar assim, perdidamente,A acalentar o mundo nos meus braços!
E
tem passado, em vão, a mocidade
Sem
que no meu caminho uma saudadeAbra em flores a sombra dos meus passos!
Florbela Espanca (1894-1930), in “Sonetos”, página 172, edições Livros de
bolso Europa-América, 4.ª edição, 1995.
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