JARDIM PERDIDO
Jardim
em flor, jardim de impossessão,
Transbordante
de imagens mas informe,Em ti se dissolveu o mundo enorme,
Carregado de amor e solidão.
A
verdura das árvores ardia,
O
vermelho das rosas transbordava,Alucinado cada ser subia
Num tumulto em que tudo germinava.
A
luz trazia em si a agitação
De
paraísos, deuses e de infernos,E os instantes em ti eram eternos
De possibilidade e suspensão.
Mas
cada gesto em ti se quebrou, denso
Dum
gesto mais profundo em si contido,Pois trazias em ti sempre suspenso
Outro jardim possível e perdido.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), in “Poesia” (Obra Poética) edição
definitiva, página 41, edições Caminho, Novembro de 2003.
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