segunda-feira, 16 de maio de 2016

Ana Wiesenberger





[Quero desfilar nua pela floresta]

Quero desfilar nua pela floresta
E sentir a urze e o musgo a misturarem-se
Por entre os dedos dos meus pés
Quero deitar-me sobre penedos e respirar em cada músculo
As arestas frias e sólidas do tempo

Quero envolver-me numa relação fútil com o sol
E deixá-lo levar-me à praia, de barco e de biquíni

E quando a noite chegar, não me farei rogada, lua
Abraça-me na tua luz fria e misteriosa
Revela em mim as partes hesitantes do meu ser ancestral
E impregna o meu corpo de magia

E como tu me compreendes e sabes, que eu não sei ser fiel
Deixa-me no areal a dormir, para a luminosidade doce do
sol paciente
Me acolher
Numa concha de maresia

Ana Wiesenberger, in “Idades”, página 24, edições Esfera do Caos, Maio de 2012.

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