[Quero desfilar nua
pela floresta]
Quero
desfilar nua pela floresta
E
sentir a urze e o musgo a misturarem-sePor entre os dedos dos meus pés
Quero deitar-me sobre penedos e respirar em cada músculo
As arestas frias e sólidas do tempo
Quero
envolver-me numa relação fútil com o sol
E
deixá-lo levar-me à praia, de barco e de biquíni
E
quando a noite chegar, não me farei rogada, lua
Abraça-me
na tua luz fria e misteriosaRevela em mim as partes hesitantes do meu ser ancestral
E impregna o meu corpo de magia
E
como tu me compreendes e sabes, que eu não sei ser fiel
Deixa-me
no areal a dormir, para a luminosidade doce dosol paciente
Me acolher
Numa concha de maresia
Ana Wiesenberger, in “Idades”, página 24, edições Esfera do Caos, Maio de
2012.
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