Da estranha anatomia
dos ventos
vens
lavar-me os pés com as minhas lágrimas
perguntas-me
pelos poemas para me enxugarese eu, como um arroto de Deus, como um sapo
expludo em pés de laranja-lima, depurado
mais
tarde, no recanto absurdo de um coração
planto
hortas, corto voos aos patos, mato galinhassou muito mais que uma navalha, o corte
rio-me
de pássaros, rasuro aviões que passam
jogo
à bola com um sorriso de trapos
e
no mais recôndito de um afago
entre
o desejo e a carnehá um veleiro morto num quintal
pode
soprar o vento por umbrais
pode
haver um querer maior que caispode haver facas onde nunca se suspeitou de
punhais
e
ser até o amor, um somatório de coisas banais
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