domingo, 19 de fevereiro de 2017

Han Shan



Han Shan (séc. VIII?), Dinastia Tang. Imagem na net.



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O homem vive na poeira, no caos,
como um verme num caldeiro.
Dia após dia, sempre às voltas,
incapaz de sair lá de dentro.
Imortais, estamos a falar de quê?
Tanta inquietação e desassossego!
Os meses, os anos, a água a correr,
de repente, acordamos já velhos.

Han Shan (séc. VIII?), in “Poemas de Han Shan”, página 99, tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu, colecção Letras do Meio, edição COD, Macau, 2009. Apoio da Fundação Jorge Álvares.  

Sobre Han Shan, do prefácio:

“…Do Poeta e da Bruma
Não foram estas as razões. Han Shan não veio porque ninguém sabe ao certo quem foi o poeta, quando viveu, ninguém sabe onde o encontrar. O seu nome, que significa “Montanha Fria”, corresponde por certo a um pseudónimo e, por detrás destes dois caracteres, esconde-se um letrado estranho, evanescente, quase ignorado pelas muitas e desvairadas gentes que têm vivido debaixo do céu.

No entanto, numa China que, pelo menos desde o século II a. C., se acostumou a biografar os seus filósofos, poetas, letrados e mandarins, Han Shan acabou também por ser objecto de uma curiosa nota biográfica, acredita-se que redigida no século IX por um tal mandarim Liu Qiuyin de cuja existência real igualmente se duvida, apesar dos títulos imperiais que ostenta…”, por António Graça de Abreu.

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