Café Caravela. Foto de António Martins.
Ao centro uma mesa vazia
e um expresso pedido ao balcão,
depois gente
algumas mesas cheias
outras com gente, também.
A caravela é presença
nas paredes daquele espaço
e há uma na vitrina exposta
semi tapada
pela ementa do dia.
A maior parte das palavras sopradas
soa a uma linguagem diferente,
aquela em que se diz saudade,
sem uma tradução sentida
em tantas outras línguas.
Olham-se chegadas e partidas,
fala-se de quem acabou de sair
e da sua incapacidade pendente.
Quando alguém entra
também se ouvem tecer elogios,
que feitios, que artimanhas,
que insensatez,
que mesquinhez…
Existe uma esplanada no exterior,
onde o silêncio não se tolera
e a roupa mais mal lavada
se tenta sujar um pouco mais,
consecutivamente.
Entretanto chega o expresso,
Delta, cremoso,
mas sem o sabor da saudade.
Olho para o lado
e lá vejo, outra vez,
a ementa do dia tapando uma caravela,
daquelas dos descobrimentos…
Mais uma descoberta!
António MR Martins
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