Ruínas de S. Paulo, Macau. Foto de António Martins.
São multidões caminhantes,
sobem e descem as escadas
e as ruas sujas de milhões de passos.
Ecoa o prurido das vozes
salpicado de sorrisos ambulantes,
o silêncio também por lá passa.
Mas ninguém vê, ninguém sente.
Tiram-se fotos, modo “selfies”, a torto e a direito,
individuais ou em grupo,
apalhaçadas, sorridentes,
sensualizadas, entredentes,
harmonizadas, pertinentes, satirizadas, evidentes
ou mais estudadas pelas mentes.
Mas ninguém vê, ninguém sente.
E tanta, tanta gente
olha, observa
e às vezes detém-se por instantes.
Há quem toque as expostas paredes
e transmita expressões risonhas,
sérias, bacocas, tontas ou de mera surpresa.
Mas ninguém vê, ninguém sente.
Pela escadaria se sentam,
se alimentam e se inventam.
Os telemóveis (agora de tantos nomes)
que todos têm, falam para o próximo
e para o distante…
e fotografam a pele, que um dia enrugará.
Mas ninguém vê, ninguém sente.
Na Tcha ladeia o monumento,
tal como a sobra das muralhas da defesa
e a Fortaleza do outro lado,
os canhões em silêncio permanecem,
perfilados num tempo…
de todos os tempos.
Mas ninguém vê, ninguém sente!…
António MR Martins
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