Alvaro Giesta, imagem da net.
No tempo desabitado
- ao
Homem, que um dia perdeu a Luz
Quando morrermos entenderão, afinal,
que em nós havia vida:
- aqueles que nunca beijaram em algum dia
a margem do lago onde ficámos parados
e tolhidos,
ou que nunca conheceram o dentro
dessa claríssima rua
onde, tantas vezes perdidos,
rumaram sem destino a qualquer sol
sem lua;
- aqueles que nunca descobriram os lábios
da terra que lhes deu o ser
nem a espuma branca sem mar, nem o sal
nem a fome, nem o frio de sofrer,
ou que nunca conheceram a luz
mesmo quando a luz negada
se nega a iluminar a vontade e o querer.
Nesses persiste a sua teimosia cega
a refugiar-se
num silêncio mudo de dizer.
Alvaro Giesta, in “O Sereno Fluir
das Coisas”, página 65, Colecção Poiesis III, coordenação de João Dordio,
edições In-Finita, Outubro 2018.
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