Henrique Levy, imagem na net.
NOS
TEUS OLHOS
navegaste,
em silêncio desembarcaste neste lugar de
encantamento que
celebra o inesperado encontro da terra
com o mar, onde
marinheiros ajustam marés à lava
alongada pela ilha.
vem comigo desvendar mistérios, pisar a torpeza
dos ímpios,
nas águas descobrir búzios lilás,
avançar por ermitérios
submersos nas profundezas do mar,
despertar do sono
os que choram distâncias, remar rumo ao
tormento das
mágoas, afogar a alagada escuridão,
apagar ânsias em silêncio
afundadas no árido rubor riscado
nos espelhos à deriva nas águas.
- e vou estranhar dentro de mim e vou
abrigar dentro de
mim o som da densidade dos espelhos
quebrados, onde as
imagens de navios se ocultam embarcadas.
trazes nos lábios o sabor brando dos
beijos que no mar se
desfazem em fragmentos de espelhos
molhados,
dizem ser mica que brilha em cada grão
de areia, mas eu
conheço o brilho dos teus olhos disperso
por todas as ondas
rasgadas pelo mar…
resta ao amor o cântico da imensidão
salgada, aguardando
pelo teu olhar mergulhado na praia onde
me deito a
convocar a nudez do teu corpo ao longe
embarcado
num atlântico navio a navegar…
Henrique Levy, in “O RAPAZ DO LILÁS”, páginas 31 e 32, edições
Confraria do Silêncio, Casa da Mediana, Ribeira Grande, Ilha de S. Miguel,
Açores, Outubro de 2018.
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