Sara F. Costa, imagem da net.
Poemas de amor
eu
sei que não vamos passar disto,
beijos
sonhados em noites íntimas
inapropriadas.
sabemos
que a harpa do pensamento
é
uma planta que morreu
de
overdose de delírio.
a
vida carrega a carne e a beleza.
as
pálpebras sem inocência
a
privacidade de um sorriso é suficiente,
eu
sei que é suficiente.
mas
como é que as tuas mãos
se
abstêm de sentir a água,
a
beleza fecunda,
a
proibição da oferta.
em
que noite mataste a ave marítima do desejo,
se
uma mulher nua te invadir o espírito,
se
uma voz te sussurrar aos ouvidos
o
fim do mundo no início do mundo,
como
é que não perdes a cabeça
de
onde colhes a força
se
alguém te devora em pensamento.
Sara F. Costa, in “A Transfiguração da Fome”, página 60, colecção
contramaré / 19, edições Editora Labirinto, Julho de 2018.
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