Goreti Dias, Photo Click by nunes photographer
Mata-me as
pontas dos dedos
Mata-me
as pontas dos dedos,
os
anéis e as unhas podres.
Desenha-me
os pulsos,
as
mãos dóceis e os ombros poderosos.
Um
dia,
o
corpo calçado nas tabelas das noites
acordará
nu,
procurará
cetins,
lantejoulas
e
aromas de cedros
cortados
à madrugada.
A
matinal luz orvalhará,
pintada
de roxo,
as
giestas e os arco-íris,
como
quem se sabe senhora
dos
destinos e desatinos.
Pintar-se-á
o ar límpido da manhã,
lavar-se-á
o céu,
a
pele
e
a alma,
assim
como quem sabe do tempo
a
falta de tempo.
Goreti Dias, in “Singularidade & etc.”, página 94, Cuca
Macuca, Edições, Valongo, 2017.
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