sábado, 30 de outubro de 2010

Roubaram a palavra pela calada

Roubaram a palavra pela calada
Meteram-na num saco de juta
Venderam-na quase d'enfiada
A um qualquer filho da puta

Vestiam-se de pantomineiros
Havia gente da política disfarçada
Todos queriam trinta dinheiros
Pela liberdade que nos foi roubada

Os dias ficaram sem ela banais
Não podiam agora ser escritos
Os começos órfãos dos finais

Que por não poderem ser ditos
E lhes sobrarem dias iguais
Andavam os deuses quase aflitos

José Ilídio Torres

in livro " Os poemas não se servem frios" (página 6), edições Temas Originais

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