AS PALAVRAS FOGEM DE MIM
As
palavras fogem de mim…
Numa
fuga que me fere.Já não as entendo!
Já não as procuro.
A minha exaustão
tem a dimensão
do mundo nelas escancarado
e que agora se fecha
num soluço amargo.
Desesperado…
Como se o irrealismo
que me mostram
fosse o mesmo…
ah, o mesmo…
que me pariu um dia!
As palavras fogem de mim…
Numa cavalgada que me assusta.
Despeço-me das suas carícias.
Agora…
Reencontro-as em açoites
Em todas as consoantes
Vogais e vírgulas,
sem ponto final.
Reencontro-as estéreis
nos risos que viraram lágrimas
Num despudor de amante infiel!
Agora…
Recuso-me a fazer amor com elas
Nesta entrega de amantes fugidios
Que se amam em becos floridos
Com sardinheiras encarnadas
e vasos de manjericos!
Vóny Ferreira, in “Cascata de Sílabas”, página 66, edições Mosaico de
Palavras, Junho de 2009.
2 comentários:
O meu mais profundo agradecimento António por esta homenagem que desta vez me foi proporcionada.
Bem haja! Vóny Ferreira
Beijinho Vóny
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