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Os
meus olhos são uns olhos,
E
é com esses olhos unsque eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns
Quem
diz escolhos diz flores.
De
tudo o mesmo se diz.Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas
ruas ou nas estradas
onde
passa tanta gente,uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil
seguir vizinhos,
querer
ser depois ou ser antes.Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moínhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê
moínhos? São moínhos.
Vê
gigantes? São gigantes.
António Gedeão (1906-1997), in “Poemas escolhidos” (antologia organizada pelo
autor), páginas 9 e 10, edições João Sá da Costa, Ld.ª (1996), na 8ª. Edição,
Lisboa, Março de 2002.
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