sábado, 28 de fevereiro de 2015

Sandra Fonseca





Lapidar o dia

Eu, e por mim
Jamais esquecia
O cheiro dos jasmins
Na caligrafia dos dias
Meu jeito de espantar
A desesperança
Que me ofusca de luz matinal
E insiste em se camuflar
De sol brilhante

Se quando piso
De pés descalços
O mármore frio
Da realidade
Eu sinto
Que preciso
Levar uma promessa
Bruta, como a palavra
Para a oficina dos sonhos
E lapidá-la em diamante

Sandra Fonseca, in “Dez violinos marinhos e uma guitarra de sal”, página 21, Arquimedes Edições, Colecção Museu Nacional da Poesia, Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil, 2014.

1 comentário:

Mar Arável disse...

Como eu

artesã de metáforas