AS FONTES
Um
dia quebrarei todas as pontes
Que
ligam o meu ser, vivo e total,À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei
até às fontes onde mora
A
plenitude, o límpido esplendorQue me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei
beber a luz e o amanhecer,
Irei
beber a voz dessa promessaQue às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), in “ Poesia” (edição definitiva),
página 54, edições Caminho, Novembro de 2003.
Sem comentários:
Enviar um comentário