quarta-feira, 20 de julho de 2011

Relevâncias


Há um ventre que não cala
na voz do segredar,
entre montanhas dispersas
e uma solidão constante,
onde se afundam as mágoas.

Há um ventre que não sofre
a essência do descobrir,
entre as náuseas da cólera,
pelo toque que o despreza
nos vestígios da saudade.

Há um ventre que se recente
das efémeras investidas,
tão próximas da negação,
no amparo das ilusões
onde correm muitas águas.

Há um ventre que abala
pelo porto da omissão,
trucidado de discordâncias,
no mar do rio sangue
entre o castigo da sua pele.

Há um ventre de uma estrofe
num poema dito de amor,
carente das infracções
da sedução no tempo ausente,
enfeitado de tantas estrelas.

Há um ventre sol nascente
ao rubro no corpo que é dele,
que na calada das noites
e na esquina onde se dá,
exultando, abraça a lua.


António MR Martins

imagem da net

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