quarta-feira, 20 de março de 2013

As náuseas do novo tempo

 
Lisboa, a minha eterna cidade... (Rua do Carmo),
by Gonçalo Lobo Pinheiro.


Me fogem olhares delirantes
pelos corpos da sofreguidão,
por onde grandes navegantes
rumaram mares da permissão.

Caravelas embandeiradas
a sulcarem as novas rotas,
nessas viagens já passadas
entre pescadas e marmotas.

Todas as terras eram novas,
a quem nunca lá estivera,
escreveram-se tantas trovas
a cada raiar da primavera.

Nesta pequenez tão tacanha
bafejada de mil tormentos,
sua grandeza foi tamanha
por entre vivas e lamentos.

E foram reis e marinheiros
em ondas de tanta bravura,
nas cruzadas os pioneiros
desde o perto à lonjura.

As políticas de antanho,
defeituosas na História,
devolvem ouro e estanho
ao povo na sua memória.

Mas tudo passa num repente,
mesmo numa só liberdade,
pelo signo da nossa gente
se castiga pela verdade.

Ora tudo é bem diferente
nesta nossa realidade,
ficámos tal, tipo pingente,
perdendo… a felicidade.

 
António MR Martins

1 comentário:

Mª Dolores Marques disse...

Adorei esta foto. Adorei, assim como o poema que adicionou.
Bjs