segunda-feira, 18 de março de 2013

- poema -








91 - Flavio Silver




Ando há dias para te escrever
mas só hoje aquela luz vinda do nada
me entrou no peito como um salmo
e quase desmaiei ao ver que a verdade
é tão certa como o cheiro de uma rosa
sabias que colecciono mortos?
que o meu quarto está repleto de poetas loucos
sinais de vida em cada andor
cometas que sangram e deixam rastos
pelas páginas que vou pisando
e temo Deus porque ainda sou criança
e sou daqueles que chora pelos barcos
confio o futuro aos heróis da banda desenhada.
Ando há dias para te escrever
tenho sonhado com poucas-vergonhas
porque no princípio de mim há
um anarquista de cabeleira verde
de pés enterrado na terra
à espera de sinónimos tão claros
que a Água dá um grito.

Flavio Silver



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