um murmúrio leve muito leve perdura
pousado nos lábios:
que sabor maduro se encontra na voz?
uma canção dolente uma guitarra breve
algures suspensa no espaço da memória.
um aroma secreto e puro como a madrugada
nasce-me do peito
nos montes hermínios do meu canto.
há uma prece antiga que ainda te chama
que ainda reclama todas as palavras que não dissemos.
hoje o riso das crianças move-se no cérebro
onde ainda habitam os sonhos desse tempo
árvore onde ainda pousam as calhandras
os pássaros de todas as cores que inventámos
hoje vamos viver cada minuto
como uma cigarra que acorda a meio da noite
e canta
libertando o sol acumulado verão a verão
falo de um postigo que observa o que se foi passando:
sorrisos e soluços ultrapassando todas as idades
todas as estações, todos os momentos
até romper o sol da manhã certa
aquela manhã.
Rogério Rodrigues Ferreira
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Regalem-se
Se regalem
no olhar da envolvência,
em que o abraço do afecto
surge com empenho e saliência.
Se regalem
por toda a ajuda premente,
onde um abraço maior
é dado de igual forma a toda a gente.
Se regalem
pela simples palavra amizade,
em que o abraço concreto
tonifica qualquer felicidade.
Se regalem
num olhar sensual e terno,
onde o abraço do amor
nos aquece em pleno inverno.
Se regalem
pelo vazio discurso airoso
de quem manda calar o vento
num modo assaz melindroso.
Se regalem
num hino de fraternidade,
onde uma mão nos acolhe
em gesto idêntico à liberdade.
Se regalem
desta e daquela maneira,
com o rir a pleno gosto
pela (im)precisão de toda a asneira.
Se regalem
mas não emprenhem pelos ouvidos.
António MR Martins
em que o abraço do afecto
surge com empenho e saliência.
Se regalem
por toda a ajuda premente,
onde um abraço maior
é dado de igual forma a toda a gente.
Se regalem
pela simples palavra amizade,
em que o abraço concreto
tonifica qualquer felicidade.
Se regalem
num olhar sensual e terno,
onde o abraço do amor
nos aquece em pleno inverno.
Se regalem
pelo vazio discurso airoso
de quem manda calar o vento
num modo assaz melindroso.
Se regalem
num hino de fraternidade,
onde uma mão nos acolhe
em gesto idêntico à liberdade.
Se regalem
desta e daquela maneira,
com o rir a pleno gosto
pela (im)precisão de toda a asneira.
Se regalem
mas não emprenhem pelos ouvidos.
António MR Martins
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Lisboa labirinto
no labirinto que é lisboa
as putas passeiam-se levando a ingenuidade
entre as pernas com que compram bmw
e viagens para londres.
o sorriso de deusas de quinta categoria do olimpo
ainda captam alguns imberbes
e velhos com disfunção eréctil
que apertam o cinto até ao último furo
numa falsa elegância
para enfeite das calçadas à portuguesa.
a cidade, pornográfica, vende revistas
com meninas na capa trabalhadas em photoshop
para esconder a celulite e as rugas
que aparecem cada vez mais cedo.
o marketing do sexo escarrapachado nos comboios, nos eléctricos, nos autocarros
nos taxis, nos carros das empresas particulares e das instituições públicas
movimenta-se desde o rossio até camarate.
a cidade vende-se por sexo em cada esquina
e nos ministérios do governo
com a troca de favores libidinosos por alguns milhares de euros.
velha, caquéctica, amarga e dócil, lisboa, actriz porno
em fim de circuito recebe um cliente bêbado
a cantar um fado da severa na mouraria
na bica e no bairro alto
despejando a dor de corno e o ciúme.
lisboa a cidade mais pornográfica da Europa
adulta e adolescente
albergue de prostitutos
oferece carícias desde o cais das colunas
até às portas de Benfica que levam para casa
sapatilhas nike e le coq sportif
com o sémen derramado sobre o tejo
que alimenta as ninfas de camões
para gáudio dos críticos literários
que vivem fora da contemporaneidade
e se alimentam dos escarros e dos conceitos do passado.
lisboa, a puta do comércio, a vagina do país
em desconstrução.
os pobres, os ricos, os remediados, a pequena e a média burguesia,
os padres, os acólitos, as religiões,
todas as religiões
todos eles mergulham nas pernas de alabastro
numa orgia interminável.
odeio esta cidade com a capa de puritana
odeio os habitantes da desgraça recolhendo-se nos templos
para rezarem a um deus sem rosto que não sorri
e saem de lá como se tivessem a alma lavada
para, depois, meterem as mãos entre as coxas da cidade
e babarem-se como touros com meia dúzia de ferros
com carícias de olhos arregalados, os lábios a endurecerem
com o cheiro de um corpo à espera.
odeio-me, sim, odeio-me por fazer parte
desta procissão escrupulosa no seu dever
odeio-me por me amar nesta lisboa petéquia
que me abraça, corrói, drama, gasta
na satiríase dos seus genes.
odeio o tejo, o mosteiro dos Jerónimos
a sé, a igreja de são domingos, são pedro de alcântara,
a estrela, a graça, a rua dos bacalhoeiros, o coliseu,
as avenidas novas, a almirante reis, o conde redondo,
o parque eduardo sétimo, mártires da pátria, a rua do ouro,
e lisboa inteira, puta nua vestida de virgem messalina.
adormeço com o fado dos búzios de ana moura
e sabe-me bem. lisboa, rainha jezebel, encosta-se no meu ombro.
Jose Felix
Os eleitos
Na esquina de cada vértice
O expoente da celeuma
Não existem contrapartidas
No hábito do escapar
Gravita o procedimento
Não existem soluções
No prurido inconsequente
Desenrola o mecanismo
Não existem alternativas
Nos esquemas amorfos
As vicissitudes elaboradas
Não existem oportunidades
Aliás
Elas existem
Mas não para todos
Só para alguns
António MR Martins
O expoente da celeuma
Não existem contrapartidas
No hábito do escapar
Gravita o procedimento
Não existem soluções
No prurido inconsequente
Desenrola o mecanismo
Não existem alternativas
Nos esquemas amorfos
As vicissitudes elaboradas
Não existem oportunidades
Aliás
Elas existem
Mas não para todos
Só para alguns
António MR Martins
sábado, 26 de fevereiro de 2011
deixa. não toques mais.
deixa. deixa, não toques mais. deixa. tenho medo de parecer tarde. mão no coração. amanhã é o dia seguinte. o outono vem sempre depois da primavera. hoje não. tenho um medo. o homem passa por mim com um semideus ao colo. pergunto para onde vai. diz-me que a terra acaba onde a água começa. vou com ele. quero encontrar a água e morrer em paz. reparo que estou grávida, pelo azul do vento trazido nas solas. olhos semi-fechados. queria abrir o mundo. tu sabes. mete-lo numa caixa de música, dar-lhe corda, deixá-lo tocar. amanhã é o dia seguinte. tu sabes. pergunto ao homem onde estava quando me pediram o coração. recua um pouco. o corpo cai-lhe, o semideus no chão. porque não terei medo de um medo nem de outro medo nenhum. que nenhum medo este me transforme em água- pouco antes do anoitecer um pássaro socorre ao meu peito. deixa. deixa ficar assim. não toques mais.
Margarete da Silva
Figueira
Pendem nos teus ramos
os figos teus corações,
no natal os cantamos
à mesa com coscorões.
Esses frutos recheamos
com miolo vindo da noz,
fruto seco degustamos
no prazer sentido a sós.
És ensaio de tanta vida
que te elegem o sabor,
na azáfama permitida
onde paira tanto amor.
Só te esquecem bravia
por desleixo e apatia!...
António MR Martins
imagem in http://fotogratis.allfreephoto.com, na net
os figos teus corações,
no natal os cantamos
à mesa com coscorões.
Esses frutos recheamos
com miolo vindo da noz,
fruto seco degustamos
no prazer sentido a sós.
És ensaio de tanta vida
que te elegem o sabor,
na azáfama permitida
onde paira tanto amor.
Só te esquecem bravia
por desleixo e apatia!...
António MR Martins
imagem in http://fotogratis.allfreephoto.com, na net
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
DEUSA NUA
Sou eu a Deusa Nua
das margens da fantasia
que faz o lápis sangrar
para escrever Poesia
Verto as minhas mágoas
nos acordes de uma Lira
e me visto de raros brocados
que enfeitam as Catedrais
e assim me vejas Deusa
a viver entre os mortais.
E mesmo que seja Cordeiro
no altar de sacrifício
meu lápis brota Poesia
dos dedos em suplício
Para ti dispo os brocados
para que me faças tua
e teus olhos me digam
que sou tua Deusa Nua...
Angelina Andrade
in livro "Deixa-me Adivinhar-te", página 34, edições Temas Originais.
das margens da fantasia
que faz o lápis sangrar
para escrever Poesia
Verto as minhas mágoas
nos acordes de uma Lira
e me visto de raros brocados
que enfeitam as Catedrais
e assim me vejas Deusa
a viver entre os mortais.
E mesmo que seja Cordeiro
no altar de sacrifício
meu lápis brota Poesia
dos dedos em suplício
Para ti dispo os brocados
para que me faças tua
e teus olhos me digam
que sou tua Deusa Nua...
Angelina Andrade
in livro "Deixa-me Adivinhar-te", página 34, edições Temas Originais.
Castanheiro
Nos soutos da imensidão
se gera de modo astuto;
o fugaz calor da ilusão
originário no magusto.
A castanha proeminente
pelo alinhar do conceito;
um alimento saliente
quando assado com jeito.
Aparece pelos invernos
como a brasa no braseiro
acalentando gostos ternos
e aroma de bom cheiro.
Pelos ouriços do seu seio
surge o fogo que eu ateio.
António MR Martins
imagem da net
se gera de modo astuto;
o fugaz calor da ilusão
originário no magusto.
A castanha proeminente
pelo alinhar do conceito;
um alimento saliente
quando assado com jeito.
Aparece pelos invernos
como a brasa no braseiro
acalentando gostos ternos
e aroma de bom cheiro.
Pelos ouriços do seu seio
surge o fogo que eu ateio.
António MR Martins
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Eco de um choro...
Tristemente belo
É assim que te leio
É assim que te sinto
Mergulhado no teu mundo
Onde o negro da noite
É o teu refúgio
Onde o silêncio
Te habita
E se te entranha na pele
Essas sombras que deambulam
Pelos recantos do teu sentir
São os seres horrendos
Impiedosos
Que te impelem a escrever
E tu
Cego de amor...
Segues os seus conselhos
Pisando o tempo
Chorando palavras
Ensanguentadas de dor
Escrevendo... Para não morrer!
Lurdes Dias (Cleo)
É assim que te leio
É assim que te sinto
Mergulhado no teu mundo
Onde o negro da noite
É o teu refúgio
Onde o silêncio
Te habita
E se te entranha na pele
Essas sombras que deambulam
Pelos recantos do teu sentir
São os seres horrendos
Impiedosos
Que te impelem a escrever
E tu
Cego de amor...
Segues os seus conselhos
Pisando o tempo
Chorando palavras
Ensanguentadas de dor
Escrevendo... Para não morrer!
Lurdes Dias (Cleo)
Macieira
Se depreende na frescura
ensaio da sua existência,
no pecado da formosura
capital de toda a essência.
Na beleza do seu partido,
rosácea de ténue rubor;
imagem do fruto proibido
concebido entre o amor.
Das suas múltiplas espécies
se varia no seu contexto;
mesmo nas suas subespécies
vigora todo um pretexto.
Degustar seu fruto sensual
é pecar de forma original!...
António MR Martins
imagem in Iconotec, RF Royalty Free, na net
ensaio da sua existência,
no pecado da formosura
capital de toda a essência.
Na beleza do seu partido,
rosácea de ténue rubor;
imagem do fruto proibido
concebido entre o amor.
Das suas múltiplas espécies
se varia no seu contexto;
mesmo nas suas subespécies
vigora todo um pretexto.
Degustar seu fruto sensual
é pecar de forma original!...
António MR Martins
imagem in Iconotec, RF Royalty Free, na net
Sentidos
Se brilham os sentidos
Apagam-se as estrelas
E a noite tateia-se
No cálido da pele
Agora parda.
As palavras mentem
Os olhos não
A boca nega
Mas o corpo em febre
Rutila a sacralidade
Do fogo e da explosão
Sou a tua casa
A tua praia
O rubro acento do teu fim
E tu a voz do tempo
Que chama por mim
Na agonia dos silêncios
Edgardo Xavier
in livro "Corpo de Abrigo", página 20, edições Temas Originais
Apagam-se as estrelas
E a noite tateia-se
No cálido da pele
Agora parda.
As palavras mentem
Os olhos não
A boca nega
Mas o corpo em febre
Rutila a sacralidade
Do fogo e da explosão
Sou a tua casa
A tua praia
O rubro acento do teu fim
E tu a voz do tempo
Que chama por mim
Na agonia dos silêncios
Edgardo Xavier
in livro "Corpo de Abrigo", página 20, edições Temas Originais
Oliveira
Nos campos se diferencia
pelas formas como ela chora
e do seu verde irradia
as azeitonas que decora.
Tem um quê de santificado
na sua mítica existência,
pela fé lhe foi consagrado
o bom poder da resistência.
Do fruto se obtém o azeite
tempero da alimentação,
para muitos simples deleite
e para outros a devoção.
Traz nesse fruto variedade
que exprime sua faculdade.
António MR Martins
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pelas formas como ela chora
e do seu verde irradia
as azeitonas que decora.
Tem um quê de santificado
na sua mítica existência,
pela fé lhe foi consagrado
o bom poder da resistência.
Do fruto se obtém o azeite
tempero da alimentação,
para muitos simples deleite
e para outros a devoção.
Traz nesse fruto variedade
que exprime sua faculdade.
António MR Martins
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sábado, 19 de fevereiro de 2011
Dia 152 (do próximo livro de Joaquim Pessoa)
Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade
de vivermos felizes e em paz.
Obrigado
pelo exemplo que se esforçam em nos dar
de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem
dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar
as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,
o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.
Joaquim Pessoa
Refeições
O pequeno-almoço acorda
A penumbra de cada noite
Pela hora do despertar
Onde todas as bocas se abrem
Num contínuo bocejar
O almoço traz a hora
Da refeição absoluta
Repleta de condimentos
Porventura o reforço
Em todos os alimentos
A merenda alinhava
A passagem de tantas tardes
Num gentil degustar
Acompanhada com líquido
Para não congestionar
Chega a ocasião do jantar
Lá quando a noite se põe
Com a sopa por companheira
Não se pode comer muito
Para não fazer asneira
E há quem a ceia tome
No final de cada dia
Uma bolacha e um chá
Com todo conforto
Sentado em seu sofá
António MR Martins
imagem da net
A penumbra de cada noite
Pela hora do despertar
Onde todas as bocas se abrem
Num contínuo bocejar
O almoço traz a hora
Da refeição absoluta
Repleta de condimentos
Porventura o reforço
Em todos os alimentos
A merenda alinhava
A passagem de tantas tardes
Num gentil degustar
Acompanhada com líquido
Para não congestionar
Chega a ocasião do jantar
Lá quando a noite se põe
Com a sopa por companheira
Não se pode comer muito
Para não fazer asneira
E há quem a ceia tome
No final de cada dia
Uma bolacha e um chá
Com todo conforto
Sentado em seu sofá
António MR Martins
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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
BOCA
Boca: nunca te beijarei.
Boca de outro, que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.
Boca: se meu desejo
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.
Boca amarga pois impossível,
doce boca (não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade.
Carlos Drummond de Andrade
in livro "Brejo das Almas", Editora Record, Rio de Janeiro e São Paulo, 2001, página [21].
Boca de outro, que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.
Boca: se meu desejo
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.
Boca amarga pois impossível,
doce boca (não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade.
Carlos Drummond de Andrade
in livro "Brejo das Almas", Editora Record, Rio de Janeiro e São Paulo, 2001, página [21].
O puro sentido do amor
Por onde dormita
a feição do teu semblante,
se eleva em esplendor,
o rejubilo de um acordar.
Há sensações inconformadas
que se debruçam entre si,
num contínuo latejar
entre nuances magnânimas.
Exulto, pelas expressões
de conteúdo que sublime
o rubor do teu âmago,
sem quaisquer interrogações.
Releva-se então pungente
todo o sentido do amor.
António MR Martins
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a feição do teu semblante,
se eleva em esplendor,
o rejubilo de um acordar.
Há sensações inconformadas
que se debruçam entre si,
num contínuo latejar
entre nuances magnânimas.
Exulto, pelas expressões
de conteúdo que sublime
o rubor do teu âmago,
sem quaisquer interrogações.
Releva-se então pungente
todo o sentido do amor.
António MR Martins
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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
síntese
caminha sempre sem medo,
sabendo que estás no sítio certo
e no tempo certo para tudo.
carrega somente o Amor
no peito sereno, e o olhar
nunca se aparte da Estrela Polar;
a direita sob a Cassiopeia
e o coração elevado
como a montanha, além.
o corpo irá aonde puder,
sobre ele, a eterna ave
transparente, vela. o Mundo
é o teu secreto e partilhado jardim.
Gonçalo B. de Sousa
in livro "Canção do Exílio", na sua "SEGUNDA PARTE-JUNTO À FONTE", página 31, edições Temas Originais
sabendo que estás no sítio certo
e no tempo certo para tudo.
carrega somente o Amor
no peito sereno, e o olhar
nunca se aparte da Estrela Polar;
a direita sob a Cassiopeia
e o coração elevado
como a montanha, além.
o corpo irá aonde puder,
sobre ele, a eterna ave
transparente, vela. o Mundo
é o teu secreto e partilhado jardim.
Gonçalo B. de Sousa
in livro "Canção do Exílio", na sua "SEGUNDA PARTE-JUNTO À FONTE", página 31, edições Temas Originais
sou do mundo
nesse poiso
me sento e descanso
daqui vislumbro o mundo
há uma razão
para a existência deste lugar
daqui respiro o mundo
como posso ouvir o som
de distâncias ilimitadas
daqui oiço o mundo
sinto que posso gritar
a pulmões abertos
daqui falo ao mundo
sendo mundo
tudo aquilo que me envolve
me sinto aqui
sendo do mundo
António MR Martins
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me sento e descanso
daqui vislumbro o mundo
há uma razão
para a existência deste lugar
daqui respiro o mundo
como posso ouvir o som
de distâncias ilimitadas
daqui oiço o mundo
sinto que posso gritar
a pulmões abertos
daqui falo ao mundo
sendo mundo
tudo aquilo que me envolve
me sinto aqui
sendo do mundo
António MR Martins
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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Em sintonia se espera
Há no ar um cheiro de amor
que exala dos corpos
unidos num beijo
onde as bocas são apenas
cúmplices apaixonadas
de palavras escondidas
debaixo de lençóis
onde os golfinhos dançam
como nós...
Olho-te e entrego-me
quente, intensa, tua...
O bater do coração
apressado pelo desejo
canta-te ao ouvido,
e tu, poeta,
tatuas versos
na minha (tua) alma.
Em sintonia vivemos
e esperamos
pela derradeira palavra
de amor.
Vera Sousa Silva
que exala dos corpos
unidos num beijo
onde as bocas são apenas
cúmplices apaixonadas
de palavras escondidas
debaixo de lençóis
onde os golfinhos dançam
como nós...
Olho-te e entrego-me
quente, intensa, tua...
O bater do coração
apressado pelo desejo
canta-te ao ouvido,
e tu, poeta,
tatuas versos
na minha (tua) alma.
Em sintonia vivemos
e esperamos
pela derradeira palavra
de amor.
Vera Sousa Silva
Pátio da minha vida
No pátio da minha vida…
encontrei um realismo,
em vertente companheira.
Emenda de vários percalços,
sintonia de um prosseguir
em realização em comum.
No pátio da minha vida…
aboli todo o fanatismo,
de carismas doentios
e de enredos matreiros,
num agradável fluir
sem fomentar a guerrilha.
No pátio da minha vida…
traduzi a felicidade
pelo discernir valioso,
fomentado pela verdade,
onde não há armadilhas
nos seus próprios caminhos.
No pátio da minha vida…
existe um aroma profundo,
que me invade o interior
com todo o seu fragor,
ditando expoentes máximos
reflectidos pelo amor.
No pátio da nossa vida…
há uma coesa aliança
de onde irradiam valores,
como risos de criança,
moldando todos os gestos
em delícias existenciais.
Neste pátio que é o nosso,
por onde a vida transita
e nossos seres se unem,
sublimam-se os clamores,
pelos tempos acarinhados,
em que o nosso tempo se fez!...
António MR Martins
Dia de S. Valentim
2011.02.14
imagem extraída da net
encontrei um realismo,
em vertente companheira.
Emenda de vários percalços,
sintonia de um prosseguir
em realização em comum.
No pátio da minha vida…
aboli todo o fanatismo,
de carismas doentios
e de enredos matreiros,
num agradável fluir
sem fomentar a guerrilha.
No pátio da minha vida…
traduzi a felicidade
pelo discernir valioso,
fomentado pela verdade,
onde não há armadilhas
nos seus próprios caminhos.
No pátio da minha vida…
existe um aroma profundo,
que me invade o interior
com todo o seu fragor,
ditando expoentes máximos
reflectidos pelo amor.
No pátio da nossa vida…
há uma coesa aliança
de onde irradiam valores,
como risos de criança,
moldando todos os gestos
em delícias existenciais.
Neste pátio que é o nosso,
por onde a vida transita
e nossos seres se unem,
sublimam-se os clamores,
pelos tempos acarinhados,
em que o nosso tempo se fez!...
António MR Martins
Dia de S. Valentim
2011.02.14
imagem extraída da net
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Mondadeira do Mondego
Mondadeira de mãos doces…
Embarca os teus sonhos
De terra molhada,
Na sede das águas…
Solta as velas,
Que guiam o teu corpo,
No perfume das marés.
Entrega ao Mondego
As cantigas da tua pátria
Que os lábios beijam,
No voo das andorinhas.
Mondadeira de mãos doces…
Agarra a pressa do vento
Por entre o abraço das espigas,
Que preenchem os arrozais.
Dança na luz,
Que te adoça a pele.
O teu chapéu de abas
É como um malmequer
Com pétalas de Sol,
Onde as libélulas vêm pousar
Para escutarem o teu riso.
Mondadeira de mãos doces…
Os braços que embalam
Os filhos do teu ventre
São os mesmos
Que, em ternura, se abrem
Aos arrozais infinitos.
E o campos,
Pintados de verde e ouro,
Guardam os segredos
Dos teus pés descalços,
Felizes, a sangrarem.
Mondadeira de mãos doces…
Quando a noite chegar,
Descansa o gume da tua foice
Sobre as marachas em flor
E enche os olhos de céu.
No silêncio das marinhas,
As estrelas misturam-se
Com as raízes do arroz
E os versos do teu canto
Arrebatam fios de luar
À nostalgia do Mondego…
Lurdes Breda
Embarca os teus sonhos
De terra molhada,
Na sede das águas…
Solta as velas,
Que guiam o teu corpo,
No perfume das marés.
Entrega ao Mondego
As cantigas da tua pátria
Que os lábios beijam,
No voo das andorinhas.
Mondadeira de mãos doces…
Agarra a pressa do vento
Por entre o abraço das espigas,
Que preenchem os arrozais.
Dança na luz,
Que te adoça a pele.
O teu chapéu de abas
É como um malmequer
Com pétalas de Sol,
Onde as libélulas vêm pousar
Para escutarem o teu riso.
Mondadeira de mãos doces…
Os braços que embalam
Os filhos do teu ventre
São os mesmos
Que, em ternura, se abrem
Aos arrozais infinitos.
E o campos,
Pintados de verde e ouro,
Guardam os segredos
Dos teus pés descalços,
Felizes, a sangrarem.
Mondadeira de mãos doces…
Quando a noite chegar,
Descansa o gume da tua foice
Sobre as marachas em flor
E enche os olhos de céu.
No silêncio das marinhas,
As estrelas misturam-se
Com as raízes do arroz
E os versos do teu canto
Arrebatam fios de luar
À nostalgia do Mondego…
Lurdes Breda
Essa tua luz
Sempre existe
uma luz que nos abriga
para além de todas as origens.
Uma luz que nos afaga
e acarinha,
na sua permanência contínua.
É como…
um despertar para o sentido,
o aviso para todo o perigo,
um abraço que nos enternece,
o expoente de uma vida…
a felicidade que acontece!
Uma luz que não se explica
nem se consegue vislumbrar,
um tecido de pura seda,
uma melodia de encantar,
um sorriso na alegria
ou uma lágrima para meditar.
É o veículo da mente
que nos leva ao interior,
onde mora o coração.
É o iluminar persistente
que não nos faz favor,
mas nos leva à solução.
Essa luz sempre existe
e nos ladeia com ternura,
ela labuta e tanto persiste
com tenacidade e doçura.
Existe essa luz,
eu sei!...
Ela vem de ti, amor!
António MR Martins
imagem in http://www.luzcristica.com/blog/, na net
uma luz que nos abriga
para além de todas as origens.
Uma luz que nos afaga
e acarinha,
na sua permanência contínua.
É como…
um despertar para o sentido,
o aviso para todo o perigo,
um abraço que nos enternece,
o expoente de uma vida…
a felicidade que acontece!
Uma luz que não se explica
nem se consegue vislumbrar,
um tecido de pura seda,
uma melodia de encantar,
um sorriso na alegria
ou uma lágrima para meditar.
É o veículo da mente
que nos leva ao interior,
onde mora o coração.
É o iluminar persistente
que não nos faz favor,
mas nos leva à solução.
Essa luz sempre existe
e nos ladeia com ternura,
ela labuta e tanto persiste
com tenacidade e doçura.
Existe essa luz,
eu sei!...
Ela vem de ti, amor!
António MR Martins
imagem in http://www.luzcristica.com/blog/, na net
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
O autor, Luís Ferreira, e a Temas Originais têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de apresentação do livro “Rosas & Espinhos” a ter lugar na Biblioteca Municipal Camões, sita no Largo do Calhariz, 17, em Lisboa, no próximo dia 12 de Fevereiro, pelas 15h30.
Obra e autor serão apresentados pelo poeta António MR Martins.
Pois é!...
Lá vou estar a apresentar esta belíssima obra de um grande autor, Luís Ferreira.
O Luís escreve aqui o amor, como poucos. Mas não é só do amor que o livro fala.
Venha conhecer o autor e ter a oportunidade de interagir com um excelente livro, podendo adquiri-lo e conseguir o referencial, e sempre desejado, autógrafo do autor.
Apareçam! Só têm a ganhar com isso!
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Aparecimento de Cristo à Virgem
Não penses que morri por ter partido
ou que parti só por ter morrido.
Onde estive não estive e onde estou
não estive nunca. Não penses que me vês
só por me veres, ou que por não me veres
eu não existo. Nem penses que existo
se me vires, ou mesmo que existes
por me veres. Não penses que me amas
porque amas o que os teus sentidos
de mim sentem. Nem penses que me sentes
ou me amas só porque me sentiste e amaste.
Não somos nada e tudo somos sempre,
embora sempre eterna seja a eternidade
e a nossa eternidade não exista.
Amadeu Baptista
in livro "Paixão" (Prémio Vítor Matos e Sá, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2001 e Prémio Teixeira de Pascoaes, 2004), Porto, Afrontamento, 2003
ou que parti só por ter morrido.
Onde estive não estive e onde estou
não estive nunca. Não penses que me vês
só por me veres, ou que por não me veres
eu não existo. Nem penses que existo
se me vires, ou mesmo que existes
por me veres. Não penses que me amas
porque amas o que os teus sentidos
de mim sentem. Nem penses que me sentes
ou me amas só porque me sentiste e amaste.
Não somos nada e tudo somos sempre,
embora sempre eterna seja a eternidade
e a nossa eternidade não exista.
Amadeu Baptista
in livro "Paixão" (Prémio Vítor Matos e Sá, da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2001 e Prémio Teixeira de Pascoaes, 2004), Porto, Afrontamento, 2003
Intempérie de conceitos
O seixo rodava
A partir de uma das suas pontas
Quando a intempérie
Se desvaneceu
Existe um plano delineado
Sem perspectiva
Para ser aplicado
Sortilégio
De outra alternativa
Sempre adiada
No retorno
Se referem todas as circunstâncias
Entretanto
O seixo se aquietou
Em contraposição
A intempérie
Brusca
Regressou com toda pujança
António MR Martins
A partir de uma das suas pontas
Quando a intempérie
Se desvaneceu
Existe um plano delineado
Sem perspectiva
Para ser aplicado
Sortilégio
De outra alternativa
Sempre adiada
No retorno
Se referem todas as circunstâncias
Entretanto
O seixo se aquietou
Em contraposição
A intempérie
Brusca
Regressou com toda pujança
António MR Martins
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Epicentro
Funde-te na luz
que já não alcançámos
nos ângulos agudos, que nos afastam
ligeiramente do hemisfério.
Da plenitude do núcleo
onde as nossas formas, se extinguem
na matéria decomposta
com que preenchemos o vazio,
onde as pernas se movimenta
sem atingirem qualquer destino.
[qualquer pássaro será mais livre
do que a pena que nos agasalha]
Sinto um fio de friozinho,
um fio tão leve
como aquele que guardo,
na circunferência
onde a recta acaba.
Conceição Bernardino
que já não alcançámos
nos ângulos agudos, que nos afastam
ligeiramente do hemisfério.
Da plenitude do núcleo
onde as nossas formas, se extinguem
na matéria decomposta
com que preenchemos o vazio,
onde as pernas se movimenta
sem atingirem qualquer destino.
[qualquer pássaro será mais livre
do que a pena que nos agasalha]
Sinto um fio de friozinho,
um fio tão leve
como aquele que guardo,
na circunferência
onde a recta acaba.
Conceição Bernardino
Sublime orquestração
Geram-se diluídas melodias
entre instrumentos sortidos,
onde se restauram as emoções.
Delas se eliminam as charadas
e todos os ineficazes refrãos
na variante de tantas opiniões.
O maestro se incorpora
no sentido da sua orquestra
e de todos os componentes.
Na saúde todos se arvoram
como cúmplices da batuta
que ordena os mais salientes.
Emerge o primeiro som
e logo os outros se seguem,
em crescente apoteose,
numa empatia exemplar.
Ouve-se o sopro elementar
e as cordas dão sua dose.
Vem dolente a repercussão,
de seguida com mais força
os ingredientes de toda a acção.
Mexe os braços o maestro
num orientar bem escorreito,
aprofundando subtil exibição.
Segue em ambiente festivo,
pelos aplausos que sentem
o seguimento de cada pauta.
Rejubilam todos os sentidos,
naquela orquestração ouvida
até ao último toque da flauta.
Eis a interpretação que finda
no som do silêncio musical.
Resta uma ovação ruidosa
e a orquestra se põe de pé
em agradecimento plural,
por partitura assaz garbosa.
É esta a bela orquestração
de um tempo intemporal
e da música que nós temos.
A vida não tem só rosas
nem o verso é sempre igual
por aquilo que todos lemos.
António MR Martins
imagem in http://the-dancoleons.blogspot.com/2009/03/educacao.html, na net
entre instrumentos sortidos,
onde se restauram as emoções.
Delas se eliminam as charadas
e todos os ineficazes refrãos
na variante de tantas opiniões.
O maestro se incorpora
no sentido da sua orquestra
e de todos os componentes.
Na saúde todos se arvoram
como cúmplices da batuta
que ordena os mais salientes.
Emerge o primeiro som
e logo os outros se seguem,
em crescente apoteose,
numa empatia exemplar.
Ouve-se o sopro elementar
e as cordas dão sua dose.
Vem dolente a repercussão,
de seguida com mais força
os ingredientes de toda a acção.
Mexe os braços o maestro
num orientar bem escorreito,
aprofundando subtil exibição.
Segue em ambiente festivo,
pelos aplausos que sentem
o seguimento de cada pauta.
Rejubilam todos os sentidos,
naquela orquestração ouvida
até ao último toque da flauta.
Eis a interpretação que finda
no som do silêncio musical.
Resta uma ovação ruidosa
e a orquestra se põe de pé
em agradecimento plural,
por partitura assaz garbosa.
É esta a bela orquestração
de um tempo intemporal
e da música que nós temos.
A vida não tem só rosas
nem o verso é sempre igual
por aquilo que todos lemos.
António MR Martins
imagem in http://the-dancoleons.blogspot.com/2009/03/educacao.html, na net
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
RIA DE AVEIRO
Já não era mais a infância
ou o que dela às vezes resta
quando a palavra é saudade.
Já não era mais, ou apenas, a ria
de cor sempre fundida ao céu
as algas elevando-se como cabelos
despenteados ao movimento das marés.
Já não era também a ronca
quero dizer, o som sincopado do farol
nas noites em que os barcos se perdem
no profundo mistério do nevoeiro
e não há luz nem norte.
Já não era, por último, só a nortada
o vento cortante que eleva a areia
ou as ondas poderosas que nos fazem deter
porque, subitamente, o futuro acontecia
quente, alegre, tranquilo de memórias
trazido aos braços pela tua presença.
Pedro Strecht
in livro "Ternura", Lisboa 2004, página 12
ou o que dela às vezes resta
quando a palavra é saudade.
Já não era mais, ou apenas, a ria
de cor sempre fundida ao céu
as algas elevando-se como cabelos
despenteados ao movimento das marés.
Já não era também a ronca
quero dizer, o som sincopado do farol
nas noites em que os barcos se perdem
no profundo mistério do nevoeiro
e não há luz nem norte.
Já não era, por último, só a nortada
o vento cortante que eleva a areia
ou as ondas poderosas que nos fazem deter
porque, subitamente, o futuro acontecia
quente, alegre, tranquilo de memórias
trazido aos braços pela tua presença.
Pedro Strecht
in livro "Ternura", Lisboa 2004, página 12
Lábios da influência
Nos lábios do encanto
se encerra o extasiar que embriaga
todas as fontes de qualquer sentir.
Há um beijo a chegar,
ansiando pela boca
e pelo expectante contacto do seu eclodir.
Corre uma melodia suprema
que se envolve nas constâncias
de todos os desejos.
Os lapsos são imprudentes
e de todo incompatíveis
com aquele majestoso desfraldar.
Há a margem
de todos os sentidos
como êxtase de todo o consolidar.
E os lábios unidos aguardam
a plenitude de um gesto
que os faça aconchegar.
Eis que chega
o sublime momento,
sem quaisquer compensações.
É a união
que se complementa,
no fragor exímio de ambas as peles.
António MR Martins
imagem in Banana Stock - RF Royalty Free, na net
se encerra o extasiar que embriaga
todas as fontes de qualquer sentir.
Há um beijo a chegar,
ansiando pela boca
e pelo expectante contacto do seu eclodir.
Corre uma melodia suprema
que se envolve nas constâncias
de todos os desejos.
Os lapsos são imprudentes
e de todo incompatíveis
com aquele majestoso desfraldar.
Há a margem
de todos os sentidos
como êxtase de todo o consolidar.
E os lábios unidos aguardam
a plenitude de um gesto
que os faça aconchegar.
Eis que chega
o sublime momento,
sem quaisquer compensações.
É a união
que se complementa,
no fragor exímio de ambas as peles.
António MR Martins
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