Geram-se diluídas melodias
entre instrumentos sortidos,
onde se restauram as emoções.
Delas se eliminam as charadas
e todos os ineficazes refrãos
na variante de tantas opiniões.
O maestro se incorpora
no sentido da sua orquestra
e de todos os componentes.
Na saúde todos se arvoram
como cúmplices da batuta
que ordena os mais salientes.
Emerge o primeiro som
e logo os outros se seguem,
em crescente apoteose,
numa empatia exemplar.
Ouve-se o sopro elementar
e as cordas dão sua dose.
Vem dolente a repercussão,
de seguida com mais força
os ingredientes de toda a acção.
Mexe os braços o maestro
num orientar bem escorreito,
aprofundando subtil exibição.
Segue em ambiente festivo,
pelos aplausos que sentem
o seguimento de cada pauta.
Rejubilam todos os sentidos,
naquela orquestração ouvida
até ao último toque da flauta.
Eis a interpretação que finda
no som do silêncio musical.
Resta uma ovação ruidosa
e a orquestra se põe de pé
em agradecimento plural,
por partitura assaz garbosa.
É esta a bela orquestração
de um tempo intemporal
e da música que nós temos.
A vida não tem só rosas
nem o verso é sempre igual
por aquilo que todos lemos.
António MR Martins
imagem in http://the-dancoleons.blogspot.com/2009/03/educacao.html, na net
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