um murmúrio leve muito leve perdura
pousado nos lábios:
que sabor maduro se encontra na voz?
uma canção dolente uma guitarra breve
algures suspensa no espaço da memória.
um aroma secreto e puro como a madrugada
nasce-me do peito
nos montes hermínios do meu canto.
há uma prece antiga que ainda te chama
que ainda reclama todas as palavras que não dissemos.
hoje o riso das crianças move-se no cérebro
onde ainda habitam os sonhos desse tempo
árvore onde ainda pousam as calhandras
os pássaros de todas as cores que inventámos
hoje vamos viver cada minuto
como uma cigarra que acorda a meio da noite
e canta
libertando o sol acumulado verão a verão
falo de um postigo que observa o que se foi passando:
sorrisos e soluços ultrapassando todas as idades
todas as estações, todos os momentos
até romper o sol da manhã certa
aquela manhã.
Rogério Rodrigues Ferreira
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