sábado, 24 de agosto de 2013

portas


Imagem da net, em: www.campinasvirtual.com.br


cerram-se à noite
quando as gentes regressam
ao calor dos lares
nos seus interiores há sempre uma cadeira
às vezes
um soalho que serve de descanso
para uma noite que teima em tombar
nas camas da acalmia
e do sossego
às vezes
envolto de sobressaltos

abrem-se
pelo amanhecer
na frescura de cada novo dia
onde a esperança
volta a palpitar
nos peitos da continua espera

entreabrem-se
quando a despedida surge
para lá de todas as memórias
e no esquecimento de tantas vidas
quando outras vidas
também acontecem

fecham-se para sempre
quando a ruína tudo encerra
e as forças não alimentam as almas
provocando um desvanecer
que jamais terá novo regresso
até ao simples abater

 
António MR Martins, in “Margem do Ser” (a publicar).

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