terça-feira, 27 de agosto de 2013

Prates Miguel




POEMASSIMILAR

 
O poema não tem de ser mole
basta ser coisa que se trinca, mastiga e engole.
Não tem de ser pastel que engasgue
nem folha de papel que se rasgue.

O poema tem de ser transparente e assimilado
poema opaco resulta em fracasso
é nó cego que nunca será laço
é porta fechada a cadeado.

O poema não pode ser escrita camuflada
tem de revelar-se à vista desarmada
e dispensar senha, lupa ou outra lente
tem de ser aberto, claro e evidente.

Poema brejeiro não deve ser abortado
nem tido por grosseiro e malcriado
qualquer palavra inventada não pode ser proibida
é absurdo sacrificá-la. Tem direito à vida.

 
Prates Miguel, in “PoeMAnel”, página 19, Folheto Edições & Design, Leiria, 2013.

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