terça-feira, 8 de janeiro de 2013

17.






33 - Jorge Vicente



 

lá longe, uma cidade de barro
é apenas uma outra cidade –
cidade sem portas e janelas,
postigos de madeira que desalmam
a carícia dos homens sem corpo.
 
nada vive nos homens que não
seja escrito pelo cordão matricial
da carne – a vida é apenas o
ajuntamento dos pássaros na cidade
branca, com homens de barro a dormir
e a jurar solenemente pelo deus das
flores.
 
o teu sorriso é todo o meu alentejo
e a tua voz de barro é apenas minha
- a saliva de pele a crescer no
trabalho ancestral do oleiro.

 
Jorge Vicente

in livro “Hierofania dos Dedos”,  página 21, edições Temas Originais, Coimbra, 2009.

 

1 comentário:

jorge vicente disse...

Ah, meu amigo!!!

Tão emocionado pela tua lembrança!!

Muito obrigado!
Jorge