36 - Angelina Andrade
Que sabes tu da saudade
das lanças que me rasgaram
das mãos com que me cerzi
Que sabes da montanha cinzenta
ou meu corpo mercenário
se é meu coração que sangra
nos espinhos que me enterraram.
Meu corpo, ah esse, eu sossego
impondo a mim mesma o vazio
uma noite sem estrelas
um lençol branco e frio.
Meu coração, esse sangra
na dor que em mim se deita
tulipa que abriu e morreu
nesta montanha cinzenta.
Se os pássaros desfalecem
tolhidos e sem vontade
não me peças mais palavras
nada sabes de saudade
Angelina Andrade
in livro “Nas
Asas de Simorgh”, página 32, edições Temas Originais, Coimbra, 2012.
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