Capa do livro "OIRO DE MINAS a nova poesia das GERAIS"
Amanhã não publicarei o habitual tópico
“Poemas de Amigos”, vou proceder a um breve descanso. Não é por falta de
textos, pois ainda me restam cerca de 100 autores para publicar.
A SOLIDÃO (página 22)
corações completos.
É noiva que propõe
tachonar a liberdade.
Visita qualquer um,
criança ou adulto.
Brota nos travesseiros
como flor de macela.
E muitas vezes arma
seu camarim num tumor.
É a noite terrível
que se adere ao sonho.
Eustáquio Gorgone de Oliveira
……
As maçãs do rosto cedem
e a testa expõe seus vincos.
Os lagartos procuram as rochas
e pedem sol para suas couraças.
Vista da janela,
a cidade das cinzas
provoca cansaço e náusea.
O mar de pedra soterra
a árvore dos brônquios.
Donizete Galvão
……
e seu desencanto.
Ninguém responderá
pela cor do dia.
Todos vão ficar embaraçados:
(a memória
na curva
de nós mesmos).
Não se erga essa mão,
o grito infirma.
No pátio de outra manhã
daremos melhor desculpa.
……
caminho e o outro: dois. e não há
retorno. dois irmãos desde nunca. um,
o que vê e conta. outro, o que ouve.
dois. não se separam. por onde passam,
o mundo: o coração de um pássaro,
desvios, carcaças de antílopes, cidades
riscadas do mapa, o dorso tigrino de um
presságio, o tempo mais velho, um deus
trocando a pele. dois irmãos ainda agora.
Ricardo Aleixo
……
esperam a tua fome.
O dia é verde
e o vento tem cores provisórias.
Sobre o muro
um pássaro mudo
de olhar escuro
perscruta a tua sombra
Ele
sabe
que
ninguém sabeem que azul
ocultas
teu absurdo.
Maria Esther Maciel
……
onde mirraram os brinquedos.
Mesmo
morta ainda
ralha
com a tempestadeque escondeu os meninos
em outra idade.
Fernando Fábio Fiorese Furtado
……
Senhora de si, contra cupins e traças,
contra a ameaça dos anfíbios. Maior a do
esquecimento. Passando de casa em casa,
de um parente a outro atinge a inércia de
jamais ancorar. Embora seja esse plural
da vida, alguma raiz reclama seus gumes.
Arcas são abraços de vegetal e homem,
contrato de gravidez. Uma vez no rebojo
se multiplicam em alarmes. Em pugnas
e morte, em lençóis enxovais, em minas.
Para exibir a sete chaves o invisível só
mesmo a arca e a família que nos habita.
Edimilson de Almeida Pereira
……
por entre os autos
o amor elabora seu queixume
as
águas vieram
perfurar
a ordenação dos mesesarquitetura que se entrega
à escarpa amarelecida
por seus tomos
o
amor sedimentou meu corpo
no
corpo de outros viventesouço ainda
o trabalho dessas fusões
o
seu leve fascínio
pelo
extermínio
Iacyr Anderson Freitas
……
acende a ilha cercada de águas
à derradeira vertente
os lobos
é que varam atrás de alimento
e a primípara seta eu é que lanço
e vôo
Wilmar Silva
……
vai carpindo antes do tempo
rugas de cansaço e lucidez.
Com
ar de melancolia
(estou
ficando tarde)percorre o rosto um sorriso.
As
horas se gastam, amarelam
como
quando a vida arde- ó albor – na pele, sem aviso.
Fabrício Marques
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