Alfama (Lisboa), by Gonçalo Lobo Pinheiro.
Aquela porta escondia
o que lá fora se perdia,
receios de não ter mais nada.
Era chegada ou partida,
entre tanta vida perdida,
sem nela ter sua entrada.
Tinha
chave bem diferente
que
a chave de tanta gente,para entrar em sua casa.
Só lá entrava quem podia
e nunca quem isso queria,
por aquela porta tão rasa.
Sua
textura de madeira,
aberta
da mesma maneiraque uma outra porta qualquer.
Lá dentro o conforto quente
num aconchego permanente
pelo abraço duma mulher.
Só
ele tinha chave dela
e
lhe abria a janelatendo o sol no seu esplendor.
À noite olhava pr’a lua
e a ela na cama nua,
naquele doce ninho d’amor.
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