terça-feira, 15 de janeiro de 2013

À LUZ DA BOCA






40 - Joaquim Monteiro







A luz insinua-se como um pássaro
Voando sobre as palavras ausentes
Juntando no voo as partículas do silêncio.

Lentamente procura o verde o corpo presente
À distância dum leve bater de asas

E a luz brilha por entre as fendas verdes
Como um sopro muito íntimo
Movimentando as ancas da mulher jovem
Como dança muito suave sobre pétalas.

O aroma do pão fresco ilumina os sentidos
Abre os poros da jovem ave pousada
No parapeito do desejo floral.

Todo o mel se derrama à luz da boca
A claridade desinibe a pele mais tímida
E a manhã começa como se o espaço
Ouvisse o rumor das abelhas no sangue.

 
Joaquim Monteiro

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