quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

É tarde amor


 
70- Carlos Val


Soçobra do fundo do espelho
Um rasgo dos teus olhos
Em lágrimas laminadas
Encarcerado num tear de folhas
Onde permaneço encolhido
No linho de um Outono imprevisto

Não há nada a fazer
Resta-nos o restolho do braseiro
E as fagulhas que partilhamos
Enquanto o sono não arrefece
Os corpos no éter da casa

 
Carlos Val

in livro “ Nono sentido”, página 40, edições Temas Originais, Coimbra, 2012.

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