sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ESPAÇO VAZIO, TU...




72 - José Silveira







Senti, no seu ir quase abrupto,
o tanto que levaste de um sonho;
de palavras quase poemas,
de sorrisos quase canções,
de um mar quase oceano.

E no úmido das tuas lágrimas
que ainda estão no chão, elas,
cravadas ficaram entre as pedras,
e nas marcas dos passos teus.
A rudeza das visíveis sequelas.

Silêncio imposto, sua voz inerte,
embargada, reprimida, a sós.
Inaudível, o lamento à distância,
fazendo insípido este momento
da grande falta que sinto de vós.

Mas teu olhar é presença, é semente,
paira no ar, a candura do teu rosto,
que sustenta essa minha poesia
amenizando esse incessante canto,
desgosto que sinto; na falta que tu me faz.

Inconformado; sou desta sina,
Da momentânea clausura, casulo.
A qual tu humildemente se inclinou,
nas metamorfoses, e nas vias da vida.
Que somente as belas borboletas têm.


 
José Silveira

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