Aviário de Hong Kong, by Gonçalo Lobo Pinheiro.
Soam bitolas perdidas
Nos rastos da incongruênciaBandeiras do esquecimento
Ultraje compensador
Ultimando outros lavoresNa doença assaz patente
Que invade tantos corpos
Metamorfoseados no tempo
Dissabores de alimento
Onde se secam as sílabasEm percalços de tanta dor
Por tanto assentimento
Paladares sem outro sabor
Que não sejam amarguraNesta gesta demais sofrida
Respirando aos soluços
Numa contenção desmedida
Intragável a cada segundo
Onde a espera então suscita
O receio de tanta demora
Jaz o sentido do grito
Num reclamar contínuo e forteOnde dormem os pruridos
Que nos orientam o norte
Há um afago perdido
No caminhar sem sentidoNa crise que nos atormenta
A solução está escondida
Na luta que não apareceNeste povo que adormece
Hipnotizado pela alma
E pelas vozes do mundo
E nesta acalmia madura
Rastreio de tantas mágoasSua ambição perdura
Sonhando com a liberdade
E esse sonho acontece
No voo da planuraOnde as aves fazem silêncio
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