segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sem condição,



Hoje não estou para ninguém.
Não sei sequer se estarei para mim mesmo.
Pego na bicicleta e saio, com urgência, sem rumo.
Sinto cada pedalada com prazer, com raiva, com razão de ser.
Pedalo mais e mais, acelero, desvaneço e olhando a paisagem com loucura, sinto o suor a escorrer...tanta vida em mim, exaustão de Ser e aqui sozinho sinto-me a meu belo prazer.
Não sei se é adrenalina que me corroí o sangue, se cansaço que me tolhe a alma, sei apenas que quero gritar.
- Raios!!!
Quero gritar horrores e pedalo mais e mais e mais, em busca da perfeição...
Devaneio, que me consome, delírio de ilusão.
Poderia morrer agora, far-se-ia canção???
Com este meu eu imperfeito, de tanto procurar me deleito.
Dei-me mil vezes, nunca sendo suficiente, e agora que o vento me bate no corpo transpirado, inquieto, o coração acalma, sinto paz infinita chegada, instantânea, abalada?
Passo a ponte.
Olho o horizonte e o tempo há muito ficou para trás, o anoitecer, mistura-se com as cores da paisagem e faz sombreados de inquietação, sinto-me tudo, sinto-me nada, mas sou eu quem delego a condição...

Lina Pedro

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